Lançado na Europa em 1.996, o pequeno Ford chegou ao Brasil no ano seguinte para iniciar o segmento de subcompactos.
Texto: Edison Ragassi
Fotos: Valéria Matias
Em 1997, a Ford iniciou na fábrica de São Bernardo do Campo, a produção e comercialização do Ford Ka e abriu o segmento de veículos subcompactos no Brasil.
O modelo já havia conquistado o público europeu, e chegou com a proposta ‘urbana de ser’, ou seja, um carro para ser usado nos grandes centros, e assim enfrenta congestionamentos com agilidade e muita economia, transporta quatro pessoas, e briga com muita vantagem por vagas apertadas nos estacionamentos.
A expectativa era de que este mesmo motorista deixaria guardado em casa um veículo maior, para ser usado pela família aos finais de semana, em passeios ou viagens de férias.
Isso porque em seu ano de estréia existia uma grande bolha de consumo, a qual levou consumidores às compras, e a indústria quebrou um recorde histórico em produção e vendas. Mas em 1998, a bolha estourou, e os negócios em compra e vendas de veículos novos caíram drasticamente.
E o Ka, que neste mesmo período foi eleito ‘Carro do Ano’, e recebeu honras internacionais (nos Estados Unidos, país que o veículo não era nem produzido ou comercializado ganhou o prêmio mais importante de design, oferecido pela Industrial Designers Society of América), passou a ser a única escolha, ou o primeiro veículo dos consumidores jovens.
Desde o lançamento, as mulheres elegeram o carro como ideal, e a montadora, ao realizar pesquisas para medir a satisfação destas consumidoras foi moldando o automóvel para agradá-las.
É interessante lembrar que a Ford mudou o tecido que reveste os bancos, porque o material utilizado na fabricação dos assentos desfiava as chamadas ‘meias finas’. O espelho colocado no quebra sol esquerdo, também foi um pedido das felizes, mas exigentes proprietárias do Ka, as quais entre uma parada e outra no semáforo, aproveitam para retocar a maquiagem.
Design premiado
As linhas redondas adotadas no primeiro modelo permanecem, aliás, o subcompacto passou apenas por uma reestilazação, que aconteceu em 2002.
O desenho da traseira recebeu nova tampa do porta-malas, um vidro maior, lanternas verticais e pára-choque de linhas retas. A frente adotou o conceito “new edge”, recebeu conjunto ótico maior, novo pára-choque e grade do radiador de desenho mais robusto e esportivo.
Quando chegou ao mercado vinha equipado com propulsor 1.3L Endura (60cv de potência o mesmo do Fiesta), e 1.0L, que permaneceram até 1.999, quando foram trocados pelo 1.0L RoCam de 60cv. Já em 2001 foi a vez do Ka receber o Zetec Rocam 1.6L com 95cv.
Também são várias as versões, CLX 1.3L (1997), Image (1.998), GL (2000), XR e Black (2001), #1 (2002), Action (2003), GL Class (2005), a avaliada nesta edição do Auto Agora, o MP3 (série limitada), e a versão comemorativa para o carnaval chamada Camaleão, que surgiu em 2004, e foi relançada em 2005.
Com propulsor RoCam 1.0 L, ou 1.6 L a Ford incorporou ao MP3, direção hidráulica, ar-condicionado, aquecedor, vidros e travas elétricas, abertura interna do porta-malas, rodas de 14 polegadas com pneus 185/60 R14 e limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro. O modelo com motor 1.6 L traz ainda conta-giros, consoles centrais no chão e no teto, alça de segurança dianteira basculante e o sistema de som toca-CD com MP3, o tradicional relógio analógico, e uma única opção de cor: Preto Ebony.
No total pesa 930 Kg, e embaixo do pequeno capô, o RoCam 1.6L entrega 95 cv a 5.500 rpm.
Impressões ao dirigir
Na prática, ao engatar a primeira e pisar, só um pouquinho no acelerador, ele responde com um ótimo arranque, se não tomar cuidado até canta pneu.
A posição de dirigir é bem interessante, pois, guiar o Ka passa a sensação de (perdoe o trocadilho), dirigir um kart.
Tem reações rápidas, estáveis quando encara uma curva, suspensão firme, sem desconforto ao passar pelas imperfeições do asfalto. Para não dizer que é igual ao kart, ele não joga a traseira após uma manobra.
Em garagens, pátio de estacionamentos, permite ao motorista realizar manobras de maneira fácil, e com boa visibilidade.
E na rodovia, o desempenho também impressiona. Câmbio com engates curtos, precisos, boas retomadas, passa muita segurança para que o motorista realize uma ultrapassagem.
Pequeno, mas com muita potência!
Quem concorda com estas qualidades do carro da Ford é a micro empresária Conceição Aparecida. Ela diz ser fã dos veículos fabricados pela montadora americana, “comprei um Ka 1.0L e fiquei com ele durante quatro anos, é um bom carro não deu problema”, afirma.
Pesquisas realizadas com mulheres compradoras de carros apontaram que as consumidoras valorizam a aparência, tanto interna como externa de um veículo.
Mas Conceição Aparecida tem outra opinião, “eu gosto de carro com motor forte, rápido, a aparência com o tempo muda, mas o importante é ter um motor bom”, declara ela.
Por isso aconteceu a opção de trocar o primeiro Ka 1.0L, por outro 1.6L, e a versão escolhida foi a Action (mesma configuração do MP3, porém com outros detalhes de acabamento e cores). “Só não coloquei o ar condicionado, porque não uso”, fala e completa, “o carro é muito bom, macio, leve, fácil de manobrar, o desempenho é excelente e preço do seguro, não é tão caro”.
E para quem pensa que o Action é o segundo veículo da casa, ela fala, “o carro é meu, tomo todos os cuidados necessários, faço as manutenções como recomenda o manual, e não empresto nem para o meu marido”, finaliza Maria Conceição.
Mercado
Apesar do bom desempenho do subcompacto equipado com propulsor 1.6L, segundo Paulo César Mariano Defavari, da Sport Plus Atomóveis, “a maior procura acontece pelo modelo 1.0L, mas quando aparece o 1.6 L, a venda é feita de maneira rápida”, explica.
Ele ainda confirma o que foi mostrado pelas pesquisas, “pelo fato de ser um carro pequeno, agrada os mais jovens, e chama atenção do público feminino, geralmente é o segundo carro da casa, e é utilizado para levar os filhos na escola, fazer compras, ou seja, para uso urbano”. Ele também acredita que outra razão para o consumidor preferir as versões com motor 1.0L é o preço, “um Ka 2004 1.0L tem preço na casa dos R$ 18.500, já o 1.6L custa por volta de R$ 23.000, essa diferença acaba influenciando na decisão de compra”, finaliza Paulo.
Atualmente a Ford oferece o Ka nas versões: One (R$ 23.945-entrada e R$ 33.060-completo), GL (R$ R$ 24.110- entrada e R$ 31.990-completo), ambos 1.0L motor gasolina. Já com motorização 1.6L, também gasolina, as versões disponíveis são: Action (R$ 29.035-entrada e R$ 36.835-completo) e XR(R$ R$ 38.500).
Ficha Técnica
Motor
Zetec Rocam 1.6L 8 v
Combustível: Gasolina
Sistema de alimentação: Injeção eletrônica multiponto seqüencial com módulo de gerenciamento eletrônico do motor EEC-V
Transmissão: Manual de 5 marchas
Direção: Hidráulica progressiva de relação variável de pinhão e cremalheira Potência líquida máxima: 95 cv a 5.500 rpm
Torque líquido máximo: 138,6 Nm a 3.000 rpm
Suspensão dianteira: Independente, tipo MacPherson, molas helicoidais, braços inferiores e amortecedores hidráulicos de dupla ação.
Suspensão traseira: Eixo auto-estabilizante tipo “twist-beam”, molas helicoidais e amortecedores
Freios: Freio a disco nas rodas dianteiras e a tambor nas rodas traseiras
Rodas: 5,5 x 14”
Pneus: 185/60 R14
Dimensões
Comprimento total: 3.677 m
Largura total: 1.631 m
Distância entre eixos: 2.448 m
Volume do porta-malas: 186/205 litros
Tanque de combustível: 42 litros
Peso total: 930 Kg