Por: Fernando Calmon
O ano começou agitado e promete muitas atrações, entre elas pelo menos 25 modelos inteiramente novos – nacionais e importados – que se somarão a reestilizações, novas versões e motorizações, totalizando no mínimo 40 lançamentos. Inusitadamente, a Ford fez uma pré-apresentação em Brasília do novo EcoSport, em ação simultânea com a filial da Índia. Esta aproveitou o Salão do Automóvel de Nova Déli para revelar o novo produto, a ser vendido em 100 países, inclusive exportado do Brasil para América Latina. Além da Índia, Espanha e China estão no mapa de produção.
Bastante diferente do EcoSport atual, impõe linhas atraentes, modernas e ênfase aerodinâmica até nos racks de teto. Conserva o estepe fixado na porta do compartimento de bagagem, mas esteticamente talvez ficasse melhor sem ele. O Brasil será o primeiro país a comercializá-lo. A coluna aposta que chegará no segundo trimestre, em maio ou, no máximo, junho próximos. Até lá, a Ford terá campanhas agressivas de bônus para se contrapor ao Renault Duster, além de confiar na expectativa criada por essa prévia.
O novo modelo tem sua base criativa no centro de desenvolvimento de Camaçari (BA) e, portanto, o País não podia ficar de fora do evento, que se repetirá em abril no Salão de Xangai, China. O protótipo mostrado na capital federal nada revelava do interior e, externamente, alguns detalhes continuavam “escondidos”, como os faróis que utilizavam lâmpadas de leds para simular luzes diurnas de sinalização. A Ford se fechou em copas sobre a estrutura mecânica, mas se sabe que a arquitetura é a mesma do novo Fiesta, hoje importado do México e a ser fabricado igualmente na Bahia.
A empresa desconversou sobre motores, embora na Índia fosse informado que utilizará o Ecoboost de três cilindros, 1 litro, turbocompressor, injeção direta e 120 cv. Aqui, certamente, virá com o Sigma de 4 cilindros, 1,6 litro, 116 cv, que já equipa o novo Fiesta e o Focus, pois o Ecoboost baiano ainda vai demorar 18 meses (também será usado, assim como o de 2 litros).
Quanto ao mercado interno em 2012, as boas perspectivas continuam especialmente quando se esperam preços promocionais se generalizando. Em 2011 houve recorde de vendas (3,63 milhões, mais 3,4%) e de produção (3,41 milhões, mais 0,7%), pouco abaixo da previsão de crescimento de 5%. Os estoques recuaram de 35 dias, em novembro, para 30 dias, em dezembro. A Anfavea acredita que as vendas este ano subirão entre 4% e 5%.
Para ter ideia da competição pelo comprador, a chinesa JAC já oferece bônus de R$ 1.000 para o J3 e o J5, além de não repassar ao preço, nos próximos meses, o aumento do IPI que incide, provisoriamente, sobre todos os importados. Por aí, dá para imaginar a substanciosa vantagem cambial existente no Brasil para importar qualquer bem de consumo, particularmente automóveis. A Hyundai-Caoa até tentou, mas não conseguiu que a Justiça anulasse a elevação desse imposto interno, mesmo sob alegação de tratados da Organização Mundial do Comércio.
Ao longo de 2012, o governo deve amenizar as exigências para fabricantes se instalarem no Brasil. Isso inclui mais tempo para atingir índices de nacionalização.
RODA VIVA
ESTATÍSTICAS confirmam a avidez do mercado brasileiro por novidades, segundo o consultor Francisco Trivellato. Entre os 100 veículos mais vendidos nos últimos três meses, os lançamentos ou aqueles que tiveram grandes mudanças entre 2010 e 2011 representaram 20% do total das vendas. Isso ocorre também em outros países, porém aqui o fenômeno é bem mais sensível.
CHERY lança o S-18, subcompacto com a tradicional fórmula de carro completo, por R$ 31.990,00. O hatch é 9 cm mais curto que o Mille e se destaca pelo desenho atual criado por um estúdio italiano. Trata-se do primeiro modelo chinês com motor flexível de 1,3 litro e 91 cv (etanol). Aumento de IPI influenciará muito pouco no preço, bem negociado com a matriz.
CONTRAN, na verdade, republicou toda a regulamentação já existente de radares apenas para dispensar a placa que obrigava o aviso de fiscalização. Pode ocorrer a proliferação de navegadores GPS que informam a localização dos tipos fixo (em postes) e estático (colocados sobre tripés, provisoriamente). Em ambos os casos, aliás, não devem ficar escondidos.
SUCATEAMENTO de veículos no Brasil já superou 1,1 milhão de unidades por ano. Na maioria, continuam constando como frota registrada, o que dificulta qualquer planejamento. O pior, no entanto, é a falta de fiscalização no desmonte do veículo e de vários componentes recicláveis como vidros, plásticos, borrachas e outros. Há controle apenas sobre pneus.
MOBILIDADE, Design e Tecnologia é a identificação do novo curso de extensão universitária que a FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, de São Paulo (SP), inicia no próximo mês de março. Quando tanto se cobra inovação e tecnologia da indústria, deveria receber mais divulgação. Informações: http://www.faap.br/pos_graduacao/index.htm .
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