Michelin fecha fábrica em SP e atribui decisão aos importados
A indústria de pneus continua travando a inútil luta com os galhos, sem saber que é lá no tronco que está o coringa do baralho. Ou seja, mais uma unidade brasileira, da Michelin, fecha fábrica em SP.
Ou seja, a Michelin anunciou o fim da fábrica de pneus em Guarulhos (São Paulo). A unidade, que produz câmaras de ar para motos e bicicletas, pneus industriais e produtos semiacabados, vai ser descontinuada.
A Michelin informou que vai encerrar as atividades de forma gradual, com conclusão prevista até o fim de 2025. Em nota, a empresa atribuiu a decisão à supercapacidade de produção provocada pela forte entrada de pneus importados da Ásia — muitos deles com preços abaixo do custo de produção nacional, o que vem afetando diretamente a competitividade do setor.
Vale dizer que a Michelin segue atuando no Amazonas, na Bahia, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
No segmento de veículos, os importados também estão sendo os responsáveis pelo mal-andamento do setor na totalidade.
Embora a empresa mantenha outras operações no país, o encerramento da fábrica paulista acende mais um alerta na indústria nacional, que já convive com a retração da produção e perda de competitividade.
A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) tem alertado sobre os riscos da desindustrialização e vem pressionando o governo federal por políticas de defesa comercial mais firmes.
Enquanto a Michelin anuncia retração, a chinesa Sunset Tires, por meio de sua marca XBRI Pneus, aposta alto no mercado brasileiro.
A empresa está construindo sua primeira fábrica no Brasil, em Ponta Grossa (PR), com investimento inicial de R$ 1,5 bilhão. A produção está prevista para começar em 2026.
O projeto promete ser a maior planta do país no segmento, com capacidade para fabricar até 12 milhões de pneus de passeio e 2,5 milhões de pneus voltados a veículos de carga, máquinas agrícolas e mineração por ano.
A instalação da fábrica da XBRI também prevê o incentivo à produção local de borracha natural, o que pode estimular cadeias produtivas regionais.
A expectativa é que a operação gere centenas de empregos diretos e indiretos, contribuindo para economia local.