Estudo realizado pela LCA Consultoria Econômica para a ANIP (Associação Nacional da Indústria de pneumáticos) mostra que o Brasil se tornou alvo de concorrência desleal na distribuição de pneus importados. O produto externo entra no país com preço até 69% menor que o praticado no mercado internacional.
Segundo levantamento da consultoria, em 2023, o quilo do pneu importado era comercializado internacionalmente a US$ 5,7 o kg. No Brasil, o produto está chegando ao país por US$ 3,2 o kg. Nos EUA, o valor de ingresso de pneus importados de passeio estava balizado em U$ 5,8 o kg e, na França, a US$ 6,5 o kg.
“Essa variação absurda, mostra principalmente que os países asiáticos estão aproveitando a falta de proteção tarifária no Brasil para exportar para o país produtos a preços desleais no mercado local, afetando negativamente toda a cadeia de produção de pneus no Brasil”, diz Klaus Curt Müller, presidente executivo da ANIP.
Entre 2021 e 2023, EUA, México e países da Europa, ao contrário do que ocorreu no Brasil, levantaram barreiras tarifárias para defender as indústrias e os empregos de seus mercados locais.
“Essa concorrência desleal está ameaçando empregos, coloca investimentos futuros em risco e traz desorganização da cadeia produtiva, afetando também produtores de borracha, de têxteis, de produtos químicos e de aço, insumos usados largamente na produção de pneus”, diz Klaus Curt Müller, presidente da ANIP.
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Para reestabelecer o equilíbrio do mercado e garantir condições isonômicas, a associação entrou em outubro de 2023 junto à Secretaria Executiva da Câmara de Comércio exterior (Camex) com pedido de elevação transitória da Tarifa Externa Comum (TEC) de 16% para 35% para pneus de passeio e de carga, pelo prazo de 24 meses.
“A medida é absolutamente necessária para evitar demissões e desestruturação da cadeia de produção de pneus no Brasil, que no final das contas pode resultar em desindustrialização. É absolutamente impossível competir com produtos que chegam ao país muitas vezes com valor inferior ao custo da matéria-prima”, diz Curt Müller.
Em contrapartida, a Abidip (Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus) revela que a medida impactar nos preços ao consumidor. Para a associação, o aumento do Imposto de Importação incidente sobre pneus pode elevar em 16% o preço final para carros de passeio e 25% para caminhões e ônibus.
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Para a Abidip, os 11 fabricantes nacionais detêm a maior fatia do mercado (63,06%). Contudo, as 180 empresas importadoras com atuação sistemática têm fatia de 36,94%.
Samer Nasser, diretor de Relações Institucionais da XBRI Pneus, marca brasileira de pneus e um dos maiores player do setor na América Latina, salienta não proceder o pedido de aumento do Imposto de Importação, sob a justificativa equivocada de que há concorrência desigual com os importados.
“Não é verdade, pois o custo de produção de pneus no Brasil é semelhante ao dos concorrentes internacionais, mas os fabricantes nacionais preferem não baixar os preços para competir de modo transparente, leal e ético no mercado. Sua real intenção é continuar vendendo caro, confiantes no indiscutível valor e tradição de suas marcas. Porém, os brasileiros vão percebendo que existem muito mais atributos a serem considerados na hora de comprar um pneu, em especial a qualidade”.