As baterias de lítio, que equipam a grande maioria dos veículos eletrificados (elétricos puros ou híbridos) rodando pelo mundo, podem ser 100% recicladas.
A tecnologia está difundida e já é usada no Brasil. Essas empresas atuam no mercado brasileiro coletando e reciclando as baterias de lítio de aparelhos celulares, notebooks, tablets e máquinas de cartão. A tecnologia dessas baterias é a mesma utilizada pelas montadoras nos seus veículos eletrificados.
“As baterias de lítio já fazem parte da sociedade brasileira há, pelo menos, 25 anos”, afirma Marcelo Cairolli, diretor de Infraestrutura da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) e vice-Presidente de Negócios para América Latina da Re-Teck, que atua no Brasil desde 2016.
De acordo com pesquisa divulgada em 2023 pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP), o Brasil tinha então 249 milhões de smartphones e outros 115 milhões de tablets e notebooks ativos. “Isso equivale a 42,2 mil toneladas de baterias em operação. Portanto, essa não é uma tecnologia nova no país e as empresas de reciclagem que atuam nesse segmento são bem lucrativas e estão prontas para atender ao mercado automotivo”, acrescenta Cairolli.
Ao contrário do que muita gente imagina, a bateria de um veículo eletrificado não quebra ou estraga de um dia para o outro. Na verdade, assim como acontece nos aparelhos celulares, com o passar dos anos, suas células vão perdendo a capacidade de carregamento.
No caso dos veículos elétricos, em geral, não é necessário trocar a bateria toda de uma vez: o consumidor poderá solicitar um teste das células e trocar apenas as que estão danificadas, o processo é similar ao que já acontece no Brasil com as baterias de bicicletas elétricas. Estas células substituídas são enviadas para a reciclagem.
Essas células, feitas de lítio, são o componente mais importante da bateria e operam, basicamente, como as pilhas comuns que conhecemos, armazenando a energia necessária para manter o veículo em funcionamento. Os carros elétricos, dependendo do modelo, possuem milhares de células.
Quando o desempenho da maioria das células atinge a marca de 50% abaixo do normal, é a hora da substituição. Porém, aquela bateria usada ainda poderá ter uma “segunda vida” em aplicações estacionárias, incluindo sistemas de armazenamento de energia solar ou eólica para residências e empresas.
As baterias dos veículos possuem, em geral, garantia de oito anos e apresentam uma durabilidade que varia de 10 a 15 anos – e, portanto, ainda não existem modelos eletrificados no Brasil com baterias que necessitem da reciclagem. No momento em que as baterias que rodam atualmente pelo país começarem a chegar ao seu limite de durabilidade, as empresas de reciclagem estarão prontas para oferecer seus serviços para o mercado nacional.
Durante a reciclagem, que consiste na trituração das baterias, são gerados três tipos de produtos devidamente separados: plásticos, retalhos de alumínio e cobre e os chamados metais nobres (lítio, cobalto e níquel).
Todos são recicláveis, mas os resíduos de metais nobres são os mais valiosos no mercado internacional e são conhecidos como “Massa Negra” (“Black Mass”) pela sua aparência – são um pó metálico e preto que posteriormente é enviado para separação dos metais e reaproveitamento na fabricação de novas baterias. Lítio, níquel e cobalto podem ser reciclados infinitas vezes.
As baterias de lítio são amplamente preferidas pelas montadoras por causa da sua eficiência elevada, bom desempenho em altas temperaturas e capacidade de reciclagem dos seus componentes. Mas existem, também, vários tipos de baterias de lítio, que proporcionam desempenhos diferentes. A escolha das indústrias leva em consideração fatores como autonomia, desempenho e custo. Atualmente, existem quatro tipos principais que equipam os carros: NMC (Lítio Níquel-Manganês-Cobalto), LFP (Lítio Ferro-Fosfato), NCA (Lítio Níquel-Cobalto-Alumínio) e Li-S (Lítio Enxofre).