Por: Fernando Calmon
O ano de 2014 mal começou e há algumas tendências que valem observar bem de perto. Uma delas e mais importante na avaliação da coluna é o provável maior interesse do consumidor na segurança dos veículos. As pessoas até prestavam atenção nos resultados dos testes de impactos frontais contra barreira fixa, mas na hora de comprar elegiam outros tipos de equipamentos. Já são três modelos com cinco estrelas nas avaliações do Latin NCAP: Focus, EcoSport e up! (este, apesar do menor porte, teve a maior pontuação técnica).
Anfavea saiu de sua imobilidade ao anunciar, semana passada, que vai propor ao Contran a obrigatoriedade escalonada de engates Isofix para bancos infantis, além de cintos de três pontos e apoios de cabeça para os três ocupantes do banco traseiro. Embora apoio central não seja obrigatório nem nos EUA e nem na Europa, trata-se de uma postura tímida. Mudanças em segurança exigem, de fato, um prazo para o aumento de escala de produção absorver custos. Ajudaria se o governo taxasse menos esses equipamentos. Maior proteção em impactos laterais e controle eletrônico de estabilidade poderiam estar em todos os carros de projetos novos até 2018, se regulamentados ainda em 2014.
Outra situação observada agora em janeiro foi o patamar de apenas 38% de participação dos motores de 1 litro de cilindrada nos automóveis. Eles têm a menor carga de imposto (IPI) desde 1990. É quase metade da proporção máxima de 71% (2001) e só um pouco menos do que os 40% de 1994. Mas isso deve mudar em função da maior oferta de motores de três cilindros/1 litro. Por enquanto, só Hyundai, VW e Chery. Ford lançará o seu ainda este ano, seguida pela PSA Peugeot Citroën. Fiat, Renault e JAC também tomam esse rumo. GM diz que não seguirá a onda. Entretanto, turbocompressores em motores de baixa cilindrada colaboram nas metas de redução de consumo a cumprir. Há tendência de motores de 1 litro voltarem a ser maioria, acima de 50% das vendas, em médio prazo.
Sobram dúvidas sobre o desempenho de vendas este ano. Feriados prolongados e Copa do Mundo diminuem dias úteis de comercialização; eleições desviam o foco, mas estimulam gastos públicos. Por outro lado, a base comparativa com 2013 terá efeito estatístico positivo, além do IPI reduzido, que dificilmente voltará ao ápice em 2014. Taxa de juros pode se elevar, mas a inadimplência está em queda. Então, crescer de 2 a 2,5% parece factível, desde que financiamentos ajudem na atração de compradores, embora alguns analistas prevejam zero de aumento de mercado este ano.
Mais difícil é vislumbrar o cenário à frente e o momento em que as vendas romperão a barreira de quatro milhões de unidades anuais. Talvez isso ocorra em 2015, se a infraestrutura do País ganhar embalo e houver reformas econômicas. Para o mercado interno chegar a 4,5 milhões/ano e subir um degrau na escala mundial, ultrapassando a terceira colocação do Japão, é preciso que investimentos fora do setor automobilístico deslanchem. Enfim, que o País cresça. E ver se a Índia será rápida e acabe por empurrar o Brasil de novo para o quarto lugar mundial.
RODA VIVA
DESCONCENTRAÇÃO de mercado dos grandes centros rumo a cidades médias/pequenas e também de regiões mais desenvolvidas para as outras se ampliou nos últimos 12 anos. Em termos de vendas, entre 2002 e 2013, enquanto Sudeste cresceu 129%, Norte se expandiu 225%, Centro-Oeste 214%, Nordeste 192% e Sul, 162%. Por isso, engarrafamentos se espalharam. Frota de veículos já cresce bem pouco em cidades populosas.
CONCENTRAÇÃO da indústria automobilística ficou também menor. Enquanto o Sudeste detinha 81% da produção em 2002, no ano passado caiu para 69%. O Sul passou de 15% para 22%, Nordeste de 3% para 6% e Centro-Oeste de 0,5% para 2%. Essa interiorização do desenvolvimento do País continuará nos próximos anos.
AGILIDADE em ultrapassagens em estradas e rápida reação em cidade tornam cada vez mais atraentes motores com turbocompressor. É a melhor opção no sedã médio-compacto Citroën C4 Lounge, combinado ao câmbio automático de seis marchas. Potência de 165 cv nada parece de extraordinário, mas motor de 1,6 litro tem mesmo torque de um 2,5 litros, ou seja, vigoroso.
VENDAS do Fusion Hybrid no Brasil alcançaram quase 100 unidades/mês, ainda modestas, mas estimulantes segundo a Ford. Nos EUA, a versão, que tem ajuda de um motor elétrico, corresponde a 15% de toda a comercialização desse médio-grande. E cerca de 30% dos clientes americanos que compram o híbrido tem menos de 36 anos, ao contrário de seus concorrentes.
VERSÃO brasileira do VW up! é 6,5 cm mais comprida que o europeu para ganhar volume no porta-malas e no tanque. Por isso, embora o modelo original seja mais curto que o primeiro Classe A fabricado em Juiz de Fora (MG), o carro produzido aqui ficou 3,5 cm apenas mais longo que o pequeno monovolume da Mercedes-Benz. Coincidentemente, ambos têm mesma distância entre-eixos: 2,42 m.
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