Toyota Corolla - motor 2.0L de 4 cilindros aspirado de 177 cv de potência e 21,4 kgfm de torque
Torque ou potência: o que realmente vale ao escolher seu carro? A escolha de um veículo envolve diversos critérios, e entre os principais está o desempenho. É ele que influencia fatores como consumo, emissões e performance.
Dois conceitos fundamentais para entender essas variáveis, e que frequentemente confunde, são potência e torque.
Apesar de serem mencionados na maioria das vezes juntos, essas grandezas são distintas e exercem funções complementares no funcionamento do motor.
Torque ou potência: o que realmente importa ao escolher seu carro?
Portanto, saber diferenciá-las é essencial para escolher o veículo mais adequado às suas necessidades. Marlon Silva, coordenador técnico da Takao, marca de componentes da Goop Distribuidora, explica por quê.
As diferentes aplicações dos veículos, urbano, rodoviário, comercial ou fora-de-estrada, determinam as características essenciais para um desempenho eficiente.
Força, aceleração e velocidade final são variáveis decisivas nesse contexto e a combinação entre torque e potência é um fator-chave nessa equação.
Não há, no entanto, uma supremacia entre as duas, como esclarece Marlon Silva: “Não existe uma grandeza mais importante que a outra. Torque e potência caminham juntos. Mas, dependendo da aplicação, um pode ser mais relevante que o outro.”
O torque é a força gerada pelo motor para colocar o veículo em movimento. É ele que determina a capacidade de arrancar com agilidade, superar ladeiras ou obstáculos, além de carregar e tracionar cargas.
Sua unidade de medida é o quilograma-força metro (kgfm) ou Newton-metro (Nm). Esse fator é importante em picapes, utilitários, caminhões e ônibus, veículos que exigem força para vencer a resistência do próprio peso e da carga transportada.
A potência, por sua vez, está relacionada à capacidade do motor de manter aceleração constante em altas rotações.
Ela é decisiva para retomadas, ultrapassagens e velocidade máxima. Sua medida é expressa em cavalos-vapor (cv) ou quilowatts (kW).
Para ilustrar a aplicação prática da potência, Marlon cita o desempenho exigido nas 500 Milhas de Indianápolis:
“Nessa prova, os veículos atingem velocidades próximas de 400 km/h nas retas, com motores de 700 cv que giram a 12 mil rpm. Além disso, é uma corrida longa, com mais de duas horas de duração. O que se busca nessas condições é potência em alta rotação”.
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O comentário de Marlon destaca um ponto essencial: as duas grandezas estão diretamente conectadas pela rotação do motor.
“Um motor que consegue manter o mesmo torque em altas rotações entrega mais potência”, explica. Por isso, motores com bom torque em baixas rotações são ideais para o uso urbano, pois arrancam com facilidade e consomem menos combustível.
A evolução dos motores turboalimentados trouxe ganhos significativos nesse sentido, ao permitir a entrega de torque elevado já em regimes de rotação mais baixos.
Essa combinação proporciona força, eficiência e bom desempenho sem comprometer o consumo. É o que possibilita a produção de motores mais compactos, que oferecem ainda assim o torque necessário para o dia a dia, e potência suficiente para rodar com segurança e agilidade em estradas.
Torque e potência são dois lados da mesma moeda. Saber qual deles priorizar depende do uso que se fará do veículo.
Se a aplicação envolve áreas remotas, subidas, transporte de cargas ou superação de obstáculos físicos, o ideal é optar por modelos com maior torque.
Para quem percorre longas distâncias em velocidade constante, a potência se torna mais importante. Na dúvida, conforme o especialista, o ideal é buscar o equilíbrio: “Hoje, mais do que números, o comportamento do motor em uso prático é o que mais importa”, finaliza.