Por: Fernando Calmon
Há três anos, no Salão de Frankfurt, estreava a segunda geração do Citroën C3. Pessoal de comunicação da filial brasileira, no próprio estande da marca, veio com a conversa de sempre: “Esse não é carro para o Brasil. Veja o para-brisa enorme, de alto custo”. Tirar o foco da novidade antecipada em salões internacionais faz parte do jogo de dissimulação. No caso, porém, o atraso até foi providencial.
O novo modelo, além de equipado com o para-brisa “Zenith” (1,35 m de comprimento), já a partir da versão intermediária, antecipa mudanças que, em breve, estarão no C3 francês. Lançado em maio de 2003, o C3 fluminense vendeu 240.000 unidades, nível acima das previsões do fabricante para um compacto em faixa superior de preço. Conforme a coluna antecipou, o modelo antigo sai de produção no fim de agosto. Últimas unidades ainda estarão nas concessionárias, a preço convidativo, por dois ou três meses.
O carro ficou mais bonito e encorpado, destacando-se linha de cintura, faróis e lanternas traseiras, além de rodas de liga leve com insertos cromados. Luzes auxiliares de LED aparecem já no catálogo intermediário. Distância entre-eixos não mudou, mas o carro cresceu em comprimento (10 cm) e largura (4cm). O espaço interno, assim, pouco evoluiu para cabeças e pernas no banco traseiro. O porta-malas também é praticamente igual. Em compensação, o tanque de combustível passou de 47 para 55 litros.
A posição ao volante (de base reta) ficou um pouco mais baixa, mesmo com a regulagem máxima de altura do banco, ainda por meio de inadequada alavanca. O para-brisa panorâmico traz sensação muito agradável a bordo. Sua cobertura interna deslizante é bem útil, mas os para-sóis não rebatem lateralmente e alças de teto foram suprimidas. Quadro de instrumentos, materiais, acabamento e tela multimídia de 7 pol demonstram que a Citroën procurou subir um degrau em sofisticação.
O motor agora tem 1,45 l de cilindrada e 93 cv (etanol), nas versões Origine e Tendance. Responde melhor em baixas rotações, até porque a maior área envidraçada, de forma surpreendente, na prática não alterou a massa do carro. Topo de linha continua sendo a Exclusive, cujo motor de 1,6 l/122 cv (etanol) é o primeiro modelo nacional de série a eliminar partida auxiliar com gasolina nos dias frios. A potência maior melhorou, de forma inequívoca, o desempenho do carro. Câmbio automático continua com quatro marchas, mas agora dispõe de seleção manual tanto na alavanca como em hastes no volante.
No lançamento nacional, guiar pelas ruas de Brasília, de pavimentação melhor que a média das cidades brasileiras, não era o ideal para avaliar os avanços que a fábrica introduziu nas suspensões do novo C3. De fato, parecem mais firmes e controlam melhor a inclinação da carroceria. Direção elétrica também melhorou. A tendência a ruídos, no entanto, só aparece depois de uns 20.000 km rodados, quase regra entre automóveis franceses. No geral, o carro ficou mais silencioso. A visibilidade continua boa, embora o vigia traseiro atual não seja tão amplo como antes.
Preços vão de R$ 39.900 a R$ 49.990 (automático, mais R$ 4.000). Para-brisa de reposição custa R$ 1.465, razoável por suas dimensões.
RODA VIVA
TOYOTA, como esperado, produzirá motores no Brasil, pela primeira vez. Fábrica em Porto Feliz (SP) abastecerá, em 2015, unidades vizinhas de Sorocaba (Etios) e Indaiatuba (Corolla). Empresa afirma que terá quatro versões para cada um dos compactos (hatch e sedã). Rede de distribuição permanece em 133 pontos, abaixo da média de outros fabricantes.
MERCADO brasileiro continuará a crescer e vendas superarão as do Japão, internamente, em 2015. Previsão de Hisayuki Inoue, diretor da Toyota que, na matriz, supervisiona atividades na América Latina, África e Oriente Médio. Na inauguração da fábrica do Etios confirmou que exportações do compacto podem demorar. “Prioridade é o Brasil”, afirmou.
PALIO Weekend Adventure 2013 recebeu retoques (grade e novas rodas), tem três versões com motores 1,4, 1,6 e 1,8 l, mas insiste na fórmula de apliques demais. No uso dia a dia, motor mais forte, de 132 cv, mostra consumo de combustível compatível ao desempenho. Um carro acertado, mas com pequenas falhas de acabamento. Não terá sucessor, após 2014.
LOGO depois de o Senado aprovar, este mês, lei do novo regime automobilístico, governo divulgará a regulamentação e cotas de importação, esperadas pela Abeiva. Entidade aponta queda de vendas de 25% (janeiro-julho) sobre 2011, das marcas sem produção no Brasil. Como se fala em cotas há meses, comprador acaba na retranca, pois espera preço menor.
ALGO parece desvirtuado na pesquisa J.D. Power de satisfação inicial de compradores de carros. Segundo a filial da empresa americana, qualidade foi último item considerado por 12% de 8.000 entrevistados na internet. Quase 50% olham mais aspectos de custo (de preço à manutenção). Desproporcionalidade assusta. Ou seria a metodologia?
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon