Com a alta de 8,62% sobre o mês anterior, o setor da Distribuição de Veículos fechou o ano de 2020 com retração de 21,63%. Apesar de alta, a queda foi menor do que a esperada, em função da pandemia.
O mês de dezembro registrou o maior volume de emplacamentos de veículos de todo o ano de 2020, segundo apurado pela FENABRAVE (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Ao considerar todos os segmentos somados (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros veículos), foram emplacadas 363.163 unidades, em dezembro, contra 334.349 veículos, no mês anterior, numa alta de 8,62%.
O levantamento, que tem como base os dados do RENAVAM – Registro Nacional de Veículos Automotores, apontou ainda que, em relação a dezembro de 2019, quando foram comercializadas 370.748 unidades, a queda foi de 2,05%.
Já no acumulado do ano, houve queda de 21,63% (3.162.851 unidades contra 4.036.046 registradas em 2019), um recuo inferior às projeções divulgadas pela FENABRAVE em julho, quando a expectativa era de que o mercado cairia 35,8% em 2020. Em outubro, a previsão foi revisada para uma baixa de 25,3%, mas o ano acabou sendo um pouco melhor do que o esperado.
“Os principais fatores que influenciaram nessa melhora, principalmente, a partir do segundo semestre, foram a manutenção da taxa de juros, em um patamar baixo e o Auxílio Emergencial, oferecido pelo Governo Federal, que colaboraram para o aquecimento do comércio e para a baixa inadimplência. Com isso, melhorou a oferta de crédito, favorecendo a tomada de decisão para a aquisição de veículos”, explica o Presidente da FENABRAVE, Alarico Assumpção Júnior. Para ele, “o mercado só não foi melhor em função da crise enfrentada pelas montadoras, que tiveram problemas com falta de peças e componentes, além das regras para manter o distanciamento social nas unidades fabris”.
As vendas de veículos novos e usados encerram o ano em alta, de acordo com os dados da FENABRAVE, as vendas de veículos usados em todos os segmentos automotivos também. Os dados apresentaram alta de 13,18%, em dezembro, isso ao comparar com o mês anterior. No total, foram transacionadas 1.592.252 unidades, contra 1.406.858, em novembro. Na comparação com dezembro de 2019, quando foram negociadas 1.285.007 unidades, houve alta de 23,91%.
Porém, no acumulado do ano, entre janeiro e dezembro de 2020 (12.757.246 unidades), o mercado de veículos usados apresentou retração de 12,32%, com relação ao mesmo período de 2019, quando foram comercializadas 14.550.305 unidades, ou seja, menor que a queda nas vendas de veículos usados.
Este aumento nas vendas de carros usados no Brasil, também mudou a proporção em relação às vendas de carros novos. Até 2019, eram comercializados 3,9 carros usados para cada zero-quilômetro , em 2020, essa relação mudou para 5,2 usados para cada carro novo vendido.
Luca Cafici, CEO da InstaCarro, plataforma que realiza a intermediação na venda de veículos, analisou as mudanças ocorridas no último ano provocadas pela pandemia. “Antes da pandemia de covid-19, não seria exagero afirmar que o automóvel era visto como vilão em políticas de mobilidade. Havia uma valorização do transporte público e de meios alternativos, como compartilhamento de carros, bicicletas e patinetes, em contraponto à presença dos veículos nas ruas. Com uma pandemia exigindo distanciamento social e menos aglomeração, o carro particular tornou-se alternativa segura tanto para viagens mais curtas quanto para as longas. Assim, as pessoas voltaram a se interessar por ter o próprio carro a fim de não depender do transporte público e colocar a saúde em risco com um vírus global acumulando infectados e mortes”.
Negócios on-line no setor automotivo
Além de provocar a procura por automóveis, o mercado precisou se adaptar a nova realidade, assim a internet foi a ferramenta utilizada para reduzir as distâncias. “A negociação de produtos e serviços em canais digitais certamente foi um dos destaques da pandemia, permitindo que setores inteiros da economia mantivessem a rentabilidade durante o período de suspensão de atividades presenciais. No mercado automotivo não é diferente. No período mais difícil da quarentena e do isolamento social, as pessoas queriam vender seus automóveis, seja para trocar por outro mais novo, o downgrade ou simplesmente conseguir recursos financeiros. A questão é que, mesmo após o retorno das atividades das lojas físicas, percebe-se um movimento cada vez maior de valorização dos canais digitais. Assim, os negócios on-line para comprar e vender automóveis serão inevitáveis a partir de agora, e os usuários irão valorizar justamente as empresas que entregarem a melhor experiência possível, o que permiti que eles façam tudo sem sair de casa”, complementa o executivo.
A esperança é de iniciar em 2021 o programa de vacinação, o que irá diminuir os efeitos da doença, porém, os benefícios conquistados pelo comercio on-line irão se manter e ainda evoluir. Apesar do momento de alta volatilidade, mas com a expectativa de crescimento do PIB, inicialmente, estimado em 3,5%, e com a esperada retomada da economia, a FENABRAVE espera um retorno do crescimento das vendas de veículos para 2021, e projeta alta de 16,6% para o setor, em geral, sobre os resultados obtidos em 2020.
Por: Edison Ragassi / Foto: Divulgação FCA